Segundo as mais recentes informações vindas a público, o Brasil deverá optar por adquirir 12 unidades do caça francês Mirage 2000-C para substituir os completamente obsoletos Mirage-III, dos quais poucos estão em condições de voar. A aquisição destas aeronaves, ocorre depois do gorado programa FX ter sido suspenso por razões que têm a ver com dificuldades financeiras.
Independentemente da aeronave escolhida, os actuais Mirage que se encontram em Brasília, estão de tal forma ultrapassados e inoperacionais, que seria sempre necessário encontrar um avião �interino� que substituísse os Mirage, que estão no fim da sua vida útil.
O que ocorre é que chegou um período a partir do qual, deixa de ser minimamente aconselhável utilizar os aparelhos dado a probabilidade de acidentes aumentar exponencialmente, além de os custos de manutenção também se tornarem incomportáveis.
Em cima de tudo isso, os Mirage-III, que foram na altura de sua compra as mais poderosas aeronaves da América latina, têm muito pouca utilidade militar.
O que muda com o Mirage 2000 ?
Para o observador menos atento, exteriormente o Mirage-2000 é muito parecido com o avião que vem substituir. Naturalmente isso tem a ver com o fato de se tratar do mesmo fabricante � a francesa Dassault � e por ter sido construído exactamente para servir de substituto do Mirage-50 / Mirage-III.
Em meados dos anos 70, o Mirage-200 foi um salto enorme na passagem dos mais antigos Mirage-50 e Mirage-III franceses.
O Mirage-2000 foi o primeiro caça com comandos Fly-by-wire da Europa. A asa delta podia por exemplo receber superfícies de controlo em forma de flaps ao longo do bordo de ataque. Estes dispositivos ficam recolhidos durante a aceleração e em velocidade de cruzeiro de baixa altitude, mas abrem-se em situações de combate, para aumentar a manobrabilidade do avião.
Embora inicialmente a Dassault tivesse considerado a possibilidade de construir um avião com capacidade para voar a Mach 3, esse projecto foi abandonado, tendo-se optado na altura pelo Mirage-2000, dado a sua construção e operação ser muito mais barata e permitir produzir um avião polivalente.
O Mirage-2000 é fabricado utilizando muito mais materiais compósitos, pelo que o avião vazio pesa apenas 7.400 Kg, ou seja pouco mais que o Mirage-III. Por isso, o seu motor mais potente permite-lhe atingir mais rapidamente velocidades de Mach 2.2.
O Mirage-2000 pode descolar com carga máxima de armas, ele precisa de uma pista com menos de 1200M.
A baixa altitude e sem utilizar pós-combustão (after-burner) ele pode chegar aos 1100 Km/h e a sua autonomia máxima, chega a 3500 Km, podendo aumentar, por via da sua capacidade de reabastecimento em vôo.
Os Mirage-2000C que provavelmente virão para o Brasil, estavam inicialmente equipados com o radar RDM e depois foram equipados com o radar RDI (Radar Doppler à Impulsions) e mísseis Matra-Magic / Super-530. Foram entregues à Força Aérea Francesa entre 1984 e 1985.
Com problemas de orçamento, a actual solução, que não deixa de ser provisória, é muito mais barata que a compra de caças conforme o programa FX. O preço de um só caça do programa FX, sería aproximado do preço de todos os 12 Mirage 2000-C que o Brasil deverá adquirir da França.
Comparação entre o preço do caça do programa FX e o mirage-2000C |
Mirage 2000C | |
Mirage 2000 / FX | |
Alterações no cenário da América do Sul
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Raio de ação operacional do Mirage-2000C com: 2 x Magic R550, 2 x Super 530D e 3 x tanques de combustível, operando desde Brasilia. |
As alterações não são para já significativas. A França entregará os Mirage-2000C �revisados�, ou seja: Eles fazem uma revisão dos sistemas do avião, das partes mecânicas, e entregam o avião em condições de voar, limpo, �pintado� de novo, e com aspecto de novo, mas na realidade, revisão não é modernização.
Os Mirage-2000C vão ser entregues �as is�. Se o Brasil pretender efectuar algum tipo de modernização adicional, então terá que pagar por ela.
Porque se trata de uma aeronave, superior, no entanto alguma coisa mudará:
Em primeiro lugar, terá que ocorrer a transferência e adaptação da FAB para um novo avião de combate, que embora parecido ao Mirage-IIIE, é de fato um novo avião. Novas tácticas deverão ser implementadas, nomeadamente as decorrentes da utilização de uma aeronave com radar mais capaz e potente.
Para já, continua a não ser claro, que tipo de míssil de médio alcance este avião vai utilizar. Este tipo de míssil, é hoje em dia da maior importância numa força aérea. É para a decisão sobre o míssil que equipará o Mirage-2000C que se devem virar as atenções.
A FAB terá que se adaptar ao Mirage-2000C, mas a maior revolução nos conceitos e nas tácticas, não ocorrerá com esse avião, mas sim com as armas que no futuro ele venha a utilizar.
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O missil Matra Super 530D foi feito a pensar no Mirage 2000C e no radar RDI. No entanto, atrasos na produção do radar RDI, obrigaram a Dassault a instalar o radar RDN nos primeiros Mirage 2000C. Posteriormente essas aeronaves viram o seu radar alterado de RDM para RDI. Este missil,que opera junto com o radar do Mirage 2000C, tem capacidade para abater alvos a baixa altitude.
Este míssil, pode abater alvos a uma distância de até 24.000 metros, o que não sendo nos dias de hoje uma distância elevada, é de qualquer forma um melhoramento. |
No cenário Sul Americano: O Peru, utiliza um numero de 10 + 2 aviões deste tipo (Mirage 2000C, que no Peru se chama Mirage 2000P), equipados com o míssil R-530F embora os pareça que os utiliza para missões de ataque, sendo classificado como Caça-Bombardeiro). Estão em Lá Joya, na fronteira entre o Peru/Bloivia, Peru/Chile.
A Venezuela, utiliza aeronaves F-16 A/B que são inferiores. No entanto, quando o F-16 começou a sair nas suas versões block 50/52 (ou MLU), o Mirage-2000C foi considerado ultrapassado, e por isso foi lançado o Mirage-2000-5.
A Argentina, dispõe apenas de Mirage-IIIE equipados com misseis R550 de curto alcance, e idênticos aos que o Brasil agora vai abandonar.
O Chile, que receberá um reduzido numero de F-16C/D block 50, terá aqueles que são os mais eficientes aviões de combate da América do Sul, os quais, poderão ser complementados com F-16MLU, que têm características muito parecidas aos F-16C/D comprados novos. No entanto as aeronaves do Chile não serão equipadas com o missil AIM-120 AMRAAM.
Modernizar o Mirage 2000C ? A possibilidade de modernização desta aeronave, não parece fazer grande sentido, no entanto a sua modernização não é impossível, embora seja provavelmente demasiado cara para um avião que é apenas um "remendo" para tapar o buraco provocado pela total obsolescência da frota de Mirage-IIIE. O mais lógico, seria o upgrade para o patamar seguinte o que implica passar para para um novo radar (RDY), junto com o software e sistema de combate, que permitiria, com os seus múltiplos modos de operação, utilizar por exemplo o muito mais recente e poderoso míssil Matra-MICA, que tem um alcance de até 50.000 metros. No entanto, tal alteração implica custos e gastos que não são comportáveis. Aliás, com esse upgrade, o Mirage 2000C sería em tudo idêntico ao que foi apresentado pela Embraer/Dassault como caça FX, o Mirage 2000-5. O Mirage-2000C como solução de compromisso, é uma das opções que se colocou em cima da mesa para discutir e é aquela que menos dor de cabeça dará nos oficiais, técnicos e pessoal da FAB que tem que fazer a manutenção dos aviões. Qualquer outro exigiria uma alteração considerável na estrutura de suporte. Se o FX ainda está no horizonte, então isso implicaria mais alterações significativas e custosas para a FAB. A ideia parece ter sido: "Se é para mexer a fundo mais tarde, então é melhor deixar como está mesmo" O problema, é se uma solução provisória se transforma em definitiva. |
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